As concessionárias das marcas tradicionais de automóveis em Angola venderam 1 469 viaturas novas entre Janeiro e Março deste ano, o que representa uma média de 16 unidades por dia e um aumento de 57% face ao mesmo período de 2024, quando foram comercializados 935 veículos.
Os dados são da Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário e Outros (ACETRO).
Segundo o presidente da ACETRO, Nuno Borges, o crescimento registado no primeiro trimestre resulta da maior disponibilidade de stock e do aumento nas vendas de modelos de gama baixa, mais acessíveis ao consumidor angolano.
Apesar da recuperação, o volume de vendas está ainda muito abaixo dos níveis anteriores à crise económica.
Em 2014, por exemplo, foram vendidas 44 536 viaturas novas, número que caiu para 20 471 em 2015, reflectindo os efeitos da recessão prolongada, da desvalorização cambial e da inflação elevada.
Actualmente, a maioria dos consumidores opta por modelos mais pequenos e económicos, que apresentam menor consumo de combustível e custos reduzidos de manutenção.
Para o final de 2025, a expectativa do sector é de um crescimento entre 10% e 15%, o que poderá elevar o total anual de vendas para cerca de 5 150 unidades, ainda longe do pico registado há mais de uma década.
O mercado automóvel angolano enfrenta também uma nova realidade de concorrência. Modelos de marcas chinesas e indianas têm conquistado espaço, sobretudo devido ao factor preço.
“Os consumidores estão cada vez mais focados na acessibilidade. Mesmo com qualidade inferior em alguns casos, os preços dos carros asiáticos são determinantes na decisão de compra”, afirmou Nuno Borges, representante da Toyota em Angola.
Ainda assim, Borges defende que as marcas tradicionais mantêm uma base fiel de clientes, sustentada por qualidade comprovada e uma rede de assistência técnica consolidada.
A Suzuki foi a marca mais vendida no trimestre, com 802 viaturas comercializadas, das quais 37,2% pela ANGOLAUTO e 17,4% pela LUSOLANDA.
A Toyota aparece em segundo lugar, com 142 unidades vendidas, seguida pela Hyundai (86), Mercedes (78) e a chinesa Chery (70). A Renault vendeu 52 viaturas e a Nissan apenas 36.
As vendas incluem viaturas ligeiras e pesadas, tanto de passageiros como comerciais. No segmento de pesados, o desempenho foi modesto, com apenas 127 viaturas comerciais e cinco unidades de passageiros vendidas no trimestre.
Apesar de ainda distante dos tempos áureos, o aumento das vendas no primeiro trimestre alimenta a expectativa de que o mercado automóvel angolano possa estar a iniciar um ciclo gradual de recuperação.
