O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) realizou ontem, em Luanda, a primeira reunião do ano para definir a taxa básica de juros para os próximos dois meses, actualmente fixada em 19,5%.
Durante o encontro, foram discutidas as expectativas do mercado em relação às taxas de referência, com especialistas apontando a importância da decisão para o controle da inflação e o fomento da economia.
O economista Daniel Tendo destacou que, com a inflação a situar-se em 1,70% entre Novembro e Dezembro de 2024, a manutenção das actuais taxas de juros seria a medida crucial para consolidar os ganhos económicos internos, especialmente o crescimento económico e a desaceleração da inflação. Ele também alertou para as incertezas económicas internacionais, que exigem uma abordagem prudente por parte do CPM.
Tendo ressaltou que, embora a política monetária de taxa alta ajude no controle da inflação, ela pode dificultar o acesso ao crédito para o sector produtivo e reduzir o incentivo a investimentos, principalmente em pequenas e médias empresas. Para o economista, o CPM deve equilibrar o controle da inflação com a necessidade de criar um ambiente mais propenso ao investimento e crescimento sustentável.
Por sua vez, o economista Divava Ricardo acredita que o CPM optará por manter as taxas de referência, considerando que os pressupostos económicos não mudaram desde as últimas reuniões. Divava destacou que a inflação continua a subir devido à insuficiência da produção interna e à protecção das importações pela Pauta Aduaneira.
Ricardo também lembrou que, desde Julho de 2024, as taxas de juros do BNA e as facilidades de liquidez permanecem inalteradas, o que reflecte uma abordagem cautelosa.
Em relação ao futuro, Ricardo sugeriu que o CPM poderá ser pressionado a adoptar medidas mais restritivas em função da previsão de uma possível redução na subvenção dos combustíveis em 2025, o que poderia impactar a economia.
A reunião de ontem do CPM reafirma a preocupação com a estabilidade macroeconómica do País, enquanto se busca um equilíbrio entre a política monetária e o estímulo à economia real.